POV Elizabeth Hilary
Dois dias depois...
20 de julho de 1863
Querido Diário,Os dias passaram correndo desde que descobri da festa de reconciliação do meu pai e Jonathan. Eu não vi mais Willian depois daquele dia. Eu me pergunto se ele já está sabendo? Eu queria muito poder vê-lo, mas acho que vou ter que esperar até a noite. Meu pai me encarregou de coisas para fazer e eu não vejo tempo a não ser para me arrumar e esperar a festa começar.
Eu percebo uma coisa diferente nele, e isso me faz perceber que talvez o motivo da festa não seja só a reconciliação e a anunciação dos dois líderes do conselho, mas talvez algo mais.
De qualquer forma eu estou muito ansiosa para essa festa, é a primeira vez que me interesso por isso. Talvez isso seja porque o Willian estará presente e dessa vez não como intruso e sim como convidado.
Ainda teremos uma chance de comemorar nossas vitórias.
Parei de escrever e fiquei deitada em minha cama imaginando como seria a aguardada festa. Não percebi o tempo passar, isso sempre acontecia quando eu estava perdida em pensamentos ele simplesmente voava quando eu menos esperava.
Me levantei indo a varanda.
Já podia perceber o crepúsculo surgindo no amplo céu. Me distrai olhando a linda paisagem a minha frente.
– Elizabeth! – Ouvi Marie chamar do quarto.
– Estou aqui. – Gritei.
– Como se sente? – Ela se encostou na varanda ao meu lado.
– Eu estou bem.
– Sabe que precisa se arrumar para a festa. – Ela olhou o céu e depois passou a me olhar. Ela observava cada expressão minha como se fosse um objeto inidentificável. – Não parece animada.
– E não estou. – Abaixei a cabeça, indisposta.
– Mas deveria está, o Willian estará lá e vocês poderão dançar. – Lembrou e um sorriso começou a surgir em seus lábios que a momentos atrás estavam sérios.
– Acha mesmo que irei dançar com ele? Minha família inteira estará lá. – Balancei a cabeça e comecei a imaginar nós dois dançando no meio do salão acompanhado de uma música lenta.
– Venha comigo. – Ela pegou minha mão e me levou novamente ao meu quarto.
Ela colocou algo na palma de minha mão e em seguida ela fechou seu punho sobre o meu.
– Isso é para você.
Quando abri a mão vi uma linda pulseira com um pingente de pedras de esmeraldas em forma de uma flor com quatro pétalas.
– É lindo! Mas não posso aceitar. – Tentei devolver mais ela me impediu.
– Ganhei da minha mãe quando ainda era muito pequena. Ela precisava partir então me deixou essa linda pulseira. Cada pétala dessa flor significa fé, coragem, força e esperança. E é isso que você precisa ter, acreditar que tudo vai dar certo e não deixar que nada lhe impeça. E isso agora é seu, acredite isso me ajudou muito.
– Obrigada Marie. – Ela colocou a pulseira em meu braço direito e em seguida eu a abracei com força.
Me arrumei e desci acompanhada de Margareth.
Os convidados ainda não tinham chegado então logo vi meu pai falando com os seguranças.
– Pai? – Me aproximei dele colocando a mão em seu ombro.
– Filha. Como se sente?
– Bem. Eu queria agradecer por você ter seguido meu conselho.
– Eu que preciso agradecer querida, você sempre esteve certa e eu fui um tolo em não acreditar em você. – Ele colocou as mãos no meu rosto segurando-o.
– Não pai... Não se culpe, eu também fui muito intrometida.
– Mas se não fosse por você isso não estaria acontecendo. Eu te amo minha filha, eu só quero o seu bem e sua compreensão em tudo que faço.
– Eu também te amo pai. – Ele me abraçou e beijou minha testa.
Logo os convidados começavam a chegar. Estava completamente ansiosa para ver Willian, mas teria que disfarçar para que ninguém percebesse o nosso relacionamento.
Peguei uma taça de uísque e fiquei olhando a porta de entrada do salão, aguardando a sua chegada.
O momento que mais esperava finalmente chegou. O Sr. Jonathan entrou dando um toque de tensão e dúvidas silenciosas. Meu pai o encarava desconfortado, mas isso não durou muito tempo, logo percebi um sorriso começando a aparecer naquele rosto singelo. Eu podia perceber o esforço que ele estava fazendo para se acalmar e aceitar o que estava acontecendo ali. Enfim aquilo tudo era um tipo de união, certo?
Benjamin vinha logo atrás de Jonathan seu olhar sereno aprofundava-se por toda a ampla sala ao seu redor. Tudo estava muito distinto, ele tentava acabar a grande tensão que rodeava não só o seu pai.
E atrás de Benjamin ninguém mais como Willian, o seu olhar aparentemente estava calmo, ele olhava para todos os lados do grande salão. Estaria me procurando?
Ao encontrar meu olhar ele sorriu. Me deu vontade de corre para abraçá-lo, mas o que tínhamos que fazer era disfarçar. Sorri de volta para mostrar minha alegria em vê-lo.
Percebi meu pai ir para o centro do salão, atraindo os olhares da multidão de convidados, curiosos e atentos.
– Boa Noite a todos! – Limpou a garganta e olhou brevemente a minha mãe e logo depois passou a me olhar. Ele realmente estava confiante e isso me alegrou muito, embora eu ainda estivesse insegura em relação ao grande desconforto entre dois futuros líderes do conselho. Eu estava atenta, quase como eu estivesse esperando um novo surto.
– Quero comunicar-lhes o motivo dessa grande comemoração. Eu e o Sr. Jonathan e o restante do conselho nos unimos para interceptar o inimigo, o causador da nossa agonia e infelicidade. Juntos devemos ter confiança e esperança de que isso irá acabar e que teremos paz.
Todos aplaudiram e Jonathan se aproximou do meu pai, juntos deram as mãos levantando-as com confiança. Após isso todos começaram a dançar no ritmo de uma dança animada.
Me encostei na parede ainda segurando a taça de uísque em minhas mãos, sem ao menos beber. Aprofundada aos meus devaneios, senti alguém puxar meu ombro me fazendo virar.
Logo que virei encarei os lindos olhos azuis a minha frente, já poderia identificar o dono.
– Hilary quanto tempo. – Ele pegou minha mão quase como se quisesse me puxar para um apertado abraço.
– Sabe que não podemos fazer isso. – Soltei sua mão rapidamente, senti isso comovê-lo. De qualquer forma ele precisaria entender.
– Oi para você também. – Ele continuou a sorri tentando disfarça o seu abalo. Senti suas mãos em minha cintura me puxando mais ao seu corpo.
– Eles vão perceber o nosso relacionamento. – Tentei ignorar.
– Como se eu me importasse. – Minhas palavras eram ditas como desinteressantes a ele.
– Pois deveria. – Tirei suas mãos de minha cintura e me afastei dele.
Eu não estava de acordo com seus desinteresses. Eu não queria que isso acabasse mal.
POV Willian Robertson
Se é isso que ela quer, é isso que ela vai ter. Ahhh, eu não iria aguentar ser ignorado.
Me aproximei de duas moças que conversavam sobre rapazes destemidos. Ao me verem soltaram suspiros.
– Nossa, não vi moças mais bonitas nessa festa. – Elas coraram.
– Você acha? – Perguntou uma delas. A outra cutucou o braço da mesma, disputando.
– Não poderia negar. – Elas riram.
Meu olhar desviou a procura de Hilary. Eu queria muito que ela visse isso, mas o que vi foi a mesma sendo cumprimentada por outro cara.
– Então gostam de caras destemidos? – Perguntei atraindo-as.
– Depende de como pergunta. Talvez tenham muitos por aqui. O que acha? Quem se atrever a ser um... –
Elas me olhava profundamente como se eu fosse um quadro expostos em algum tipo de museu de luxo.
Pisquei para elas e sai.
POV Elizabeth Hilary
Fui à mesa de sobremesas para me distanciar dos olhares curiosos dos convidados a mim. Eu queria muito poder dançar com Willian sem que ninguém pensasse coisas inúteis que na realidade eram citações verdadeiras.
Como eu não poderia realizar os meus desejos eu decidi apenas observá-lo, mesmo com a grande distancia. Rastreei-o por todo o salão e acabei encontrando no canto conversando com duas jovens garotas.
Eu sabia de suas intenções, mas embora fosse apenas uma brincadeirinha dele para me irritar eu acabei cedendo. O ciúme passou por todo meu corpo, como uma chama inapagável. E tudo que eu pensei foi tentar fazer o mesmo e passar na cara dele.
– Nossa, não vi moças mais bonitas nessa festa. – As elogiou sedutoramente.
No instante passou um homem bastante charmoso, e decidi que seria esse. Eu iria usá-lo para fazer ciúmes a Willian.
– Oi! Festa nada animada, em? – Puxei assunto.
– É nada. Mas você é a filha do Sr. Jonathan, não? – Desviei a atenção para olhar para Willian para ver se meu plano estava dando certo. Mas minhas tentativas foram jorradas ao chão, pois ele estava muito atento com suas tentativas exatas de seduzir uma mulher.
– Você acha?
– Não poderia negar. – Rosnei furiosa.
– O que disse? – Perguntei desinteressada.
– Seu pai é o Sr. Jonathan, não é? – Repetiu educadamente.
– Não, não é, meu pai é Anthony. – Corrigi.
Peguei um bolinho de abobora na mesa e o homem a quem eu conversava apenas me observava.
– Sou Franklin. – Estendeu a mão para que eu a apertasse.
– Ah sim, desculpe-me, sou Elizabeth. – Apertei gentilmente sua mão.
– Então gostam de caras destemidos? – IDIOTA! Você quer me matar de ciúme?
– Você é muito bonita senhorita Elizabeth! – Elogiou Franklin.
– Obrigada. Quer um bolinho? – Ele sorriu e eu peguei o bolinho que estava em minha mão e coloquei sedutoramente em sua boca.
– É muita gentileza sua. – Agradeceu corando.
Eu precisava parar com isso, eu não queria causá-lo disenteria.
Para minha felicidade, anunciaram o jantar e todos se reunião nas longas mesas retangulares. Sentei ao lado de minha mãe e de Margareth.
Só o que poderíamos ouvir era o barulho das conversas e dos talheres batendo nos pratos, mas logo isso tudo cessou deixando um silêncio plácido encher nossos ouvidos. Então percebi Christian se levantar da mesa e caminhar rodeando a sala e vindo em minha direção.
– Necessito da atenção de todos. – Eu nem sequer sabia de sua presença. O encarei tensa, sem entender o que estava acontecendo a minha frente.
Christian tirava do bolso uma caixinha preta e me presenteava.
– Peso sua mão em casamento. – Ele tentou sorrir, mas saiu forçado.
Olhei para Willian que estava do outro lado da mesa, ele estava perplexo com que via. Não consegui responder, estava chocada com tudo aquilo.
– Elizabeth não é preciso responder agora, eu posso esperar. – Disse cauteloso.
Vi Willian se levantar e me dar uma última olhada, abalado. Eu me sentia péssima. O que eu iria fazer? Correr e segui-lo? Eu sentia uma onda de responsabilidade pesar em mim. Eu não poderia decepcioná-lo, mas também não poderia deixar que ninguém percebesse.
Eu simplesmente e consequentemente estava perdida.
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