Cena 1
POV Elena
Sexta-feira,
3 de dezembro, 22h30.
Querido Diário,
Está tarde, mas não
consigo dormir. Acho que não preciso tanto de sono como antes.
Bom, amanhã é o dia.
Conversamos com Bonnie e
Meredith esta noite. O plano de Estefan é a imagem da simplicidade. O caso é
que, não importa onde Caroline tenha escondido o diário, ela terá de guarda-lo
em algum lugar durante esse tempo. Assim, se agirmos no minuto que ela subir ao
palco, talvez a gente consiga ver onde estar o diário e se ela não perceber que
estamos desconfiados, não vai ficar de guarda erguida.
Foi então que
entendemos.
O motivo para o plano
dar certo é que todo mundo no programa estará de roupas de época. A Sra.
Rosilene nos ajudará a vestir as roupas do séc. XIX antes da parada e nós não
vamos poder usar nem portar nada que não faça parte do figurino. Nada de
bolsas, nem mochilas. Nada de diários! Caroline terá que deixá-lo em algum
ponto.
Vamos nos reversar para
vigiá-la. Bonnie vai ficar na frente da casa dela e ver o que Caroline está
levando quando sair. Eu vou vigiá-la quando ela se vestir na escola. Depois,
enquanto a parada estiver acontecendo, Estefan e Meredith vão invadir a casa ou
o carro dos Forbes, se for o caso, e fazer o trabalho.
Não vejo como pode
falhar. Eu não consigo expressar o quanto me sinto melhor. É tão bom poder
dividir este problema com Estefan! Aprendi minha lição, não vou mais guardar
segredos dele.
Vou usar o meu anel
amanhã, quero mostrar que o nosso amor é mais forte do que nunca.
É melhor tentar dormir
um pouco agora. Espero não sonhar.
Cena 2
POV Elena
- Alô Bonnie. Conseguiu ver alguma
coisa?
- Sim Elena. Ela acabou de sair com a mãe e o irmão e levava
um saco de pano branco. Não era grande, mas o tamanho suficiente para guardar
um pequeno diário.
- Ok Bonnie. Desliga esse celular que eu já estou quase
aí.
- Tchau.
Desliguei e pedi para tia Judith ir em direção à casa de
Caroline.
O carro reduziu e parou e Bonnie entrou no banco traseiro
ao meu lado.
- Ela está com o diário. – informou, mais uma vez,
Bonnie.
- Ótimo. Agora vamos ver se ela leva para a escola. Se
não, diga a Meredith que está no carro.
Chegamos à escola bem a tempo de ver Caroline entrando
com uma bolsa branca pendurada no braço. Bonnie e veríamos onde ela deixará.
- Vou ficar também Judith.
Saímos do carro e entramos na escola.
Agora o colégio ressoava com vozes jovens e as salas
estavam cheias de alunos em vários estágios da troca de roupa. Eu estava pronta
para pedir para ser colocada na mesma sala de Caroline, mas não foi necessário.
Rosilene já estava me conduzindo para lá.
Caroline, apenas com a roupa de baixo da moda, lançou-me
um olhar indiferente, mas Elena detectou o júbilo cruel por trás. Mantive o
olhar nas roupas que Rosilene pegava do armário.
- Esta é a sua, Elena. Uma de nossas peças mais bem
preservadas... E é toda autêntica também, até as fitas. Acreditamos que tenha
pertencido a Honória Ferreira.
- É lindo! É feito de quê?
- Musselina morávia e gaze de seda.
Lancei um olhar disfarçado para Caroline enquanto
começava a trocar de roupa. Sim, lá estava o saco de pano, aos pés de Caroline.
Remoí-me em dúvida se devia pegá-lo, mas Rosilene ainda estava na sala.
Minutos depois de eu ter me vestido, olhei para o
espelho.
- Pertenceu mesmo a Honória Ferreira?
- É o que diz a história. Ela falou de um vestido como
esse em seu diário, então temos certeza.
- Ela mantinha um diário?
- Ah, sim. Eu o mantenho numa caixa no museu dos
fundadores. Um dia devia visitar. Agora, o casaco... Ah, o que é isso?
Uma coisa violeta flutuou para o chão quando peguei o
casaco. Pude sentir a minha expressão paralisar. Peguei o bilhete antes que
Rosilene pudesse se abaixar e o li.
“Sei
que vou passar por momentos horríveis hoje.”
Ela se obrigou a ficar calma enquanto
amassava o papelzinho de papel e o atirava na lixeira.
- É só um pedaço de lixo. Eu estou
pronta.
- Eu também. – informou Caroline.
- Maravilhoso. Vão andando e esperem
suas carruagens. Ah e Caroline, não se esqueça do retículo.
- Não vou esquecer.
- Isto é um retículo. O ancestral da
nossa moderna bolsa. As senhoras usavam para guardar suas luvas e leques.
Caroline veio aqui e pegou no início da semana para poder consertar algumas contas
soltas. Foi muita consideração da parte dela.
- Tenho certeza de que foi. Preciso de
ar fresco.
Sai apavorada para fora da sala.
Droga! Ela havia sido esperta de mais! Agora o plano teria de ser outro ou
todos nós estaremos em risco.
Cena
4
POV
Estefan
Eu esperava Elena na saída da escola
quando Damon apareceu.
- Olha só! O Estefan todo retrô!
- O que está fazendo aqui, Damon?
- É o Dia dos Fundadores! Vim comer um
algodão doce, apreciar o desfile e roubar a sua namorada...
- Não vai fazer isso.
- Você é que pensa que ela é igual à
Cecília. Doce e frágil, mas não é. Ela não nasceu para você, irmãozinho. Um dia
irá perceber disso.
Ela saiu e Elena veio correndo em
minha direção. Coisa boa não deve ter acontecido.
- Estefan!
Olhei para ela vestida com aquele
vestido e me lembrei de Katherine, a mulher dos meus sonhos.
-Toscana,
Itália, 1822-
Fui em direção à carruagem. Eu estava
muito animado, iria ao baile com Katherine e o nosso casamento estava cada vez
mais próximo.
- Senhor? Precisa de ajuda? –
perguntou Alfredo.
- Não. Obrigado.
- Está elegante Senhor.
Entrei na carruagem fiquei a observar
a frente da minha casa, Ela estava por vir.
Katherine e Emily estavam na porta da
frente. A primeira usava um vestido verde-esmeralda, prendendo se na cintura
antes de abrir nos quadris. Fiquei deslumbrado ao vê-la. Ela abriu a porta da
carruagem e entrou.
- Pierre...
- Katherine.
Sem cerimonias, beijei o seu rosto.
- Você está linda!
Katherine deu um belo sorriso em
agradecimento.
-Estefan?
Desliguei-me dos meus pensamentos e
olhei para Elena que estava em minha frente.
- Sim.
- Sonhando acordado?
- Acho que estava.
- Caroline foi mais esperta do que a
gente. A bolsa é parte do figurino e ela vai usar o dia todo.
- Mas... Então, o que vamos fazer?
- Ainda podemos vigiá-la. Talvez ela
tire a bolsa no encerramento ou algo assim.
- É a sua carruagem. – informei-a.
- Vigiem-na e se ela ficar sozinha por
um momento...
Beijei a sua mão e a vi partir.
Cena
5
POV
Elena
Depois do longo e tenso desfile,
estávamos no auditório da escola assistindo o final da peça feita pelas
crianças.
- Obrigado, Crianças por essa peça.
Antes da premiação e do encerramento, gostaria de chamar a nossa primeira
oradora para a leitura. Aplausos para Caroline Forbes. – pediu Alaric.
Caroline subiu ao palco e agradeceu os
aplausos e colocou um pequeno livro em seu lugar e me fez estremecer.
- Hoje, eu pretendia ler um poema de
um poeta de nossa Terra, mas não vou. Por que ler isto quando há uma coisa
muito mais... Relevante... Num livro que encontrei por acaso?
Ela virou a página e senti o chão cair
diante dos meus pés.
0 comentários
Postar um comentário